domingo, dezembro 28, 2008

saudade sem nome




Porque choras?
Junto ao mar
Do teu olhar

Porque choras?
Se o teu choro
Vai voltar

Nesse mar
Que tem nome de saudade
Onde chora
Onde mora
O teu olhar

Porque esperas?
Primaveras
Que passaram

Folhas mortas
São Outonos
Dos sonhos
Que lá ficaram

Porque esperas?
Desesperas
Do futuro
As Primaveras

Quem te trouxe?
O olhar triste
Ao corpo que chora a dor

Quem te trouxe?
Se não existe
Mar que tenha outro sabor

Porque choras?
Se são horas de sorrir

De ver esse mar a partir
Do teu olhar
Que são rosas

jorge@ntunes

quinta-feira, dezembro 25, 2008

círculo




Respiro o ar que me circunda
Eu sou o ar
E o círculo que me inunda

Tudo é uma imensa circunferência
Uma redonda existência
Um respirar

Tudo tem a forma
Redonda
Do ar

Eu não existo
Coexisto apenas Ser

De respirar
O que penso pensar
Enquanto houver círculo
Enquanto houver ar

Que me respire
Este viver

Desde o redondo ventre
Redondo como o mundo que habito
Redondo como a rotação do tempo

Respiro o ar que transpiro
Redondo como o infinito
Círculo vago, linear
Da forma que tem o vento

jorge@ntunes

terça-feira, dezembro 16, 2008

ventos




Os ventos mudam
Sinto no ar
A revolta

São ventos passados
Ventos de sempre
Ventos de agora

Os horizontes mudam de lugar
Sempre no mesmo vagar
Sempre em redor de si

Os ventos atiçam o mar
Tormentas que só de olhar
Me levam longe daqui

E os ventos?
São sempre os mesmos
Revoltos ou serenos
Apenas adormecidos

Porque hoje são o que são
Amanhã nova ilusão
Passados e futuros esquecidos

Os ventos mudam
Porque a mudança se impõe
Na cegueira que os leva

Nos mesmos caminhos gastos
Pisando os próprios rastos
A uma utopia deserta

Nada muda!!!
Tudo se revolta!!!

Como vendaval
Que depois se acomoda

Noutra luta…

A corrosão dos ventos
Lapida a lápide da humanidade!

Soprem-se os ventos!!!! Soprem-se!!! …
No sopro, ultimo suspiro

Da vontade…

jorge@ntunes

segunda-feira, dezembro 15, 2008

frágil




Tão frágil a certeza, se o universo
Me reclama infinito!
Tão frágil o seu silêncio!
Quão frágil é o meu grito!
......................................................
Abri a janela
E entre mim e ela
Um beiral erguido
Em prosa

Sustinha no vento
Um poema
Flor, a que chamei
Rosa

Tão frágil
Como o perfume
Das palavras
Que colhi

Tão frágil
Como o ciúme
De outras rosas
Que perdi

Recolho a flor
E o sonho
Fecho a janela

Deito-me sobre o corpo
E acaricio o rosto
Da frágil certeza dela

Tão frágil como o universo
Tão frágil como este verso
Tão frágil como este grito

Fecho os olhos
Só lhe vejo
Todo o seu infinito…

jorge@ntunes

domingo, dezembro 14, 2008

elo perdido




Os meus sonhos sem ti
Não eram sonhos
Os meus dias sem ti
Não eram dias
As minhas noites sem ti
Eram todas as noites
Dos meus dias…

Os meus poemas
Só o foram sem ti
Contigo, tenho prosas serenas
Já não são de sangue e lágrimas
As palavras
Mal são poemas

Sem ti, cada encruzilhada
Do caminho
Eram outros caminhos para o nada
Contigo
Perco-me num só caminho
Que me basta

Até o universo
Me soa menos complexo
Quando me fazes sentido

A mim, que sou reflexo
Desse universo, complexo
Semente de um elo perdido

Os meus sonhos sem ti
Não eram sonhos
Pois não sonhava

Os meus dias sem ti
Não eram dias
E as noites
Todo o meu nada

Não me acordes nunca de ti
Não me dês nunca o beijo fatal
Não me despertes do sono
Que hoje sonho
E sou real

jorge@ntunes

sexta-feira, dezembro 12, 2008

sonho




Sonhei que vinhas
Não da forma que sempre chegaste
Vinhas também tu sonho
Que sonhaste

E eu, adormecido
No sono tentado em ti
Só acordei no teu beijo
O meu, que te tocou a ti

Olhei para ti com os teus olhos
E tu choraste com os meus
Com o teu corpo senti-me vivo
O meu corpo, os pasmos teus

Das palavras que trocámos
De uma só alma sentida
Eu parti, e tu partiste
À chegada, à despedida

Desse sonho que sonhámos
Desse acordar que vivemos
Desse beijo que trocámos
Dessa vida que escolhemos

E assim
Nesse tudo que criámos
Tu vinhas ao teu encontro
E eu, ao encontro de mim
Apenas porque sonhámos

jorge@ntunes

terça-feira, dezembro 09, 2008

aqui





Parece real
Este estar aqui…
O vento parece correr
E o mar parece beber
Deste meu olhar cheio
De parecer…

Real…

Parece o presente
Este momento
Parece o mar que me sorve
E o correr do vento…

Parece-me ético pensar
Que penso…

Se for real o mar, o olhar
O vento…

Uma luz se acende
Porque eu a vejo
E alguém a sente…

Mas isso não explica a luz
Nem o que penso ver
Não explica o mar, não explica o vento
Nem o que parece, parecer…

E assim… Apago a luz
Que nem era minha…

Despejo o mar e poiso o vento…
Deixo de parecer o que pareço…

Daqui, parto para lá!...

Real, fica o que já esqueço
O resto é sonho
Que faz o tempo…

jorge@ntunes
Related Posts with Thumbnails