segunda-feira, maio 15, 2006

luz



Não, nunca pude mover-me à velocidade da luz que me encadeia
Nunca pude andar à minha frente um passo, e ver-me, em outra ideia
E assim, não pude rir de mim, ou bajular-me
Nunca pude deixar-me ou entregar-me

A fuga foi um constante andar para a frente, uma incansável afã
Olhar hipnotizado na meta, cada vez mais longe, cada vez mais vã
E nessa recta interminável, deplorável condição
Passaram caminhos outros por mim, atalhos de contrição

As palas que me cegaram na luz, que me castraram na cruz
Onde o destino me firmou, onde em verdade me pus
Foram as imperfeições que trago, humanas, carnais
A utopia elevada ao quadrado dos anais

Bobo sem corte, sem rei
Aqui estou, aqui me sei
Ou não sei coisa alguma que seja
Nesta vazio teatro da vida que me sobeja

A luz ao fundo. Ao fundo do meu olhar profundo
Incapaz de perceber
Que é um olhar imensamente moribundo
E a luz, um facho por acender

jorge@ntunes

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem!!!Adorei... Oq mais admiro em ti é a facilidade que tens de expressar os teus sentimentos com tanta humildade e sabedoria.Que esta "LUZ"brilhe sempre, sempre a tua volta.

Beijinhos.:)

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