quinta-feira, fevereiro 05, 2009

cansaço




Estou cansado.
É um sono perpétuo
Este que me embala

Sinto-me usado
Gasto, incerto
Quase sem alma

O meu corpo
No seu todo
Esfria e afunda
Na inércia, no lodo

Os dedos que já nem sinto
Teimam ter vida própria
E buscam abrir o sonho
Minha caixa de Pandora

Estou cansado e frio.
Os olhos quase cerrados…
Estou quase vivo, quase morto
Espalhado por tantos lados

A cama arrasta-se até mim
Convida-me lasciva ao calor eterno
Promete-me em silêncio a paz

Aceno-lhe um adeus…
Não a quero nos braços meus
Rendido, incapaz…

Resisto…
Estou cansado.
O sono perpétuo
Traz-me acordado

Tenho sono, tenho frio, estou cansado
Tenho a meus pés o mar e um rasto de lodo
Estou ferido, sou eu todo
Um rio na nascente encalhado

jorge@ntunes

2 comentários:

Anónimo disse...

Até tentei comentar... mas o cansaço é contagiante...

Eme disse...

O cansaço poético soa-me sempre a adeus ou despedida. E então este... parece que vejo alguém a rastejar, farto de tudo.

O sol precisa-se

Abraço

vou estando.

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