quarta-feira, agosto 30, 2006

"kafka à beira mar"



À beira do Mar-Abismo
Do infinito porquê de tudo
A maré é ausência que vem, que vai
Num grito cego, surdo e mudo

A metamorfose das horas
A metáfora do ser
Espirito, alma ou corpo
Sombra de não se saber

Pegadas de sonhos
Num caminho ao de leve traçado
Ou apenas destino
Imposto, marcado

À beira do Mar-Abismo
A inocência rebelde e crua
Arma-se apenas de um sorriso
Única luz na noite pacientemente escura

No céu o corvo aquém gaivota
Rasa o horizonte distante
Esquecido da terra firme
Imenso já de outro instante

A criança sentada à beira do Mar-Abismo
Contempla o voo do universo
É agora nuvem que se eleva firme
Tão certa como o inverso

Lá à frente uma passagem
Esta a da puberdade.
Aberta a porta, um Mar-Abismo
Começo de outra idade

jorge@ntunes
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