quarta-feira, maio 03, 2006

carta de amor



Não sei que diga
Meu amor, não sei escrever
É pouca a minha escrita
Se sinto, e não sei dizer

Que palavras posso ousar
Nesta carta, para sempre inacabada
Haverá palavra nova
Nunca em qualquer poema usada?

Temo repetir e repetir-me
E tu, em nada és repetição
Nem eco és na tua eternidade.
És momento único de contemplação

Esta carta de amor vale o que vale
Serve um propósito impossível
É um grito, uma caricia... o desejo
Um acto de paixão... visível

E tudo o que é real, palpável
Não é eterno nem real
O palpável dilui-se
Em cada tempo desigual

Uma carta de amor... um marco
Que desmascara a fragilidade
Que se demarca enquanto possível
De uma qualquer idade

Mas que vale o que vale...
Será de amor esta carta
Enquanto teus olhos, amor meu
Não mais a sentirem de gasta

Há-de amarelecer o papel
Hão-de sumir-se as palavras
As mesmas que foram poucas
E por tantos, já usadas

Não sei que diga
Nem se com palavras consiga
Dizer o que não sei

O pensamento mastiga
Esta fome em que me levei

Ao não conseguir palavra nova
Que diga, o quanto tentei

Deixar para a eternidade
O impossível, o carnal
A diferença na ausência
...Do real...

jorge@ntunes

4 comentários:

Anónimo disse...

Não sei que diga
Meu querido,não sei escrever
É pouca minha escrita
Se sinto,e não sei dizer

SUBLIME!!!LINDO!!!

Sabes que tenho uma enorme admiração e veneração por tudo que escreves.Tuas palavras de ternura intensa, me acalentam envolvem os meus recatados sonhos...
Fico feliz por vc está, cada dia mais, escrevendo belíssimos poemas.
Agradeço o prazer de ler-te.

Um beijo imenso de quem de ADORA :)

Geminiana

Ana P. disse...

Até eu adorei e não era para mim...

Beijos

Anónimo disse...

A mim nunca ninguem me escreveu uma carta de amor assim... a minha cunhadinha é uma sortuda de ter um poeta na sua vida...

Beijinhos aos dois

Anónimo disse...

Simplesmente lindo!!!
Quem escreve assim e ainda diz que não sabe escrever...

Beijos

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