segunda-feira, abril 17, 2006

hora-torta



Fica tudo como dantes
Depois das lágrimas raivosas
Após o termo das horas
Das ânsias delirantes

Nada é eterno mesmo que não morra
Apenas nos adormece
Apenas nos estremece
Um instante de vergonha

E como dantes
Volta o suplicio de não pensar
Volta a vontade de não acordar
...Olhares tratantes...

A tristeza não é a dor, a ausência
A tristeza é a certeza do consentimento
A permanência
No anteparo do desapontamento

Amar de ódio a falta de amor
Vergar o corpo, vender a alma
Ao criador
Na tormenta que não acalma

Fica tudo como dantes
Depois de mais uma violência
Das marcas em permanência
Tapadas, escondidas, cortantes

O perdão que se busca na acção
No acto viril da castração
A esperança de coisa alguma
O medo, o medo, o medo...
Da verdade que é só uma

A vida dada, entregue de bandeja
À mão pesada que não beija
Que apenas aperta, sufoca

Fica tudo como dantes
A miragem dos amantes
...hora torta...

jorge@ntunes

1 comentário:

Ana P. disse...

Então????

Sinto tristeza nestas palavras...

Talvez por eu sentir tristeza, não sei....

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