sábado, agosto 28, 2010





Cálida a morte que nos separa
A mescla de abandonos que nos cobre
Serena a vida que nos trava
O sonho que ninguém pode

Ressuscita e vagueia somente
Sobre as cinzas das sombras revoltas
Sente o quanto a alma mente
Nesse corpo que devoras

Tudo indicia o mesmo abstracto
O mesmo abismo ao tacto
O mesmo sentido do nada

No vento vem já consumado
O destino sempre arbitrário
Morre! É já madrugada….


POETIK

2 comentários:

Lou Albergaria disse...

Uauuuu!!!! Demais mesmo!

Fico curiosa para saber uma coisa: você carrega mesmo esse peso doloroso na alma ou é apenas uma 'licença poética'?

Tenha um lindo fim de semana!!!

Beijão!!!

Lou Albergaria disse...

Então pra você o poeta nunca é um fingidor?

Autopsicografia

Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Boa noite, meu poeta que não finge dor...

Related Posts with Thumbnails