segunda-feira, agosto 31, 2009
palavras na bruma
Há na eloquência das palavras
Toda a alma do poeta
É o reverso do sonho
Quando o sonho se revela
Apenas a utopia
Em traços gastos se desnuda
E a palavra sem sentido
Traz a verdade nua e crua
Na sensação da pena adormecida
Escreve-se o louco sonhador
De rimas que são a vida
Memórias que são de dor
E cada lágrima é uma ira
Um vendaval sempre incontido
É entre a bruma a miragem
O poema prometido
Algures escondido nas palavras
Eloquentes, na folha cálida, sadia
Negra tinta, negro sonho
Quanta bruma é a vida…
E depois da escrita feita
Das palavras concebidas
Eloquente é o sonho
Poema que ama as rimas
As rimas de mais não serem
Do poeta ou da palavra
Tornam-se vida e partem
Por entre as brumas da alma…
jorge@ntunes
sábado, agosto 22, 2009
amor&fado
Quanta paixão
Há nas coisas da ilusão
E no sonho que nos manda
Quanta, quanta tentação
Nos deturpa a razão
E nos ateia a vasta chama
Quanto sentir faz sentido
Se somos o elo perdido
Entre a certeza e a sensação
Quanto de nós está contido
Apenas num olhar aflito
Dor que manda o coração
E depois de cada ponto final
Depois de cada sonho castrado
Fica em nós um vago e surreal
Drama de dor e de fado
jorge@ntunes
terça-feira, agosto 18, 2009
hora
Na hora que partes, chegas
Fora de todas as horas
Dentro de todos os tempos
Vais partindo, porque negas
Todas as noites e auroras
Das vezes que vens nos ventos
Sonho que é só memória
Memória da hora luzidia
Lucidez que escreve a história
História de seres um dia
Um dia de não partir
Na hora da despedida
A ver a hora expandir
O sonho que manda a vida…
jorge@ntunes
segunda-feira, agosto 17, 2009
tic.tac.
Pequena é a hora
Crucial é a vida
O tempo, leva-nos agora
Na chegada e na partida
Ama quem tiveres de amar
Chora quem tens de chorar
Que a hora passa a correr
Erige longe o teu olhar
Que a vida te vai tomar
A morte de te perder
E no segundo final
Na demais hora que buscas
O tempo é, crucial
Quando alienado ainda lutas
Contra o vento
Contra o tempo
No perpétua visão que foge
Do teu corpo de momento
Do teu olhar bravio, sedento
Na pequena hora que te colhe…
jorge@ntunes
sexta-feira, agosto 14, 2009
só o mar
Tomara que um dia fosse
Só o mar por onde vais
Sempre em busca de outro mar
Sempre em busca de outro cais
Tomara que um dia fosse
Todos os mares, todos os cais
Todos os sonhos que buscas
Nesse sonho por onde vais
E ao chegares
Eu te tomar
Em meus braços, em teus sonhos
De todos esses lugares
Onde eu fora todo um mar…
jorge@ntunes
quarta-feira, agosto 12, 2009
vida&morte
Se é dura a vida
Se o sonho é breve
Hora perdida
Que já não serve
Já nem é vida
Já nem é breve
Se o sonho dura
Se a morte treme
Se o corpo é vão
E a alma vinga
Mata a ilusão
Dá corpo à vida
Se viver
É lentamente
Entardecer
Breve é o leito
Onde morrer
Que mais importa
Se não perdura
Se a hora é morta
Se a vida é dura
Se deus é sorte
Se a vida é morte
Que mais importa
Se nada dura
Se eternamente
Tudo é
Breve loucura…
Que
O céu me espere
Ou o inferno me trague
Que seja breve
Que venha tarde
Que a vida é breve
E ainda me sabe
À primavera
Que em mim anseia
Desflorar
A vida inteira…
Morte à morte que me deseja!!!
Se é dura a vida
Pois que ela o seja!!!
Porque entre a vida e a morte
Mora um sonho que é só meu
Breve como a vida
Tão eterno quanto eu!!!
jorge@ntunes
terça-feira, agosto 11, 2009
ruas tristes
Passo pla rua que passa
Na rua do meu pensamento
E a cada passo, a cada rua
Passo por mim, e quando passo
De mim, só passa o vento
Sem figura, sem retrato
Passo na rua que passo
A ver a rua passar
Pelo passo com que traço
Um pensamento prosaico
Caído na rua a sangrar
E quem passa, passa ao largo
Sempre num passo apressado
Como se não houvesse rua
Nem a minha alma nua
Prostrada nesse empedrado
Pedra fria, rua triste
No pensamento que existe
Na rua que leva o tempo
Que apaga os passos que deixo
E a rua que desleixo
Porque passo sendo o vento…
jorge@ntunes
sábado, agosto 08, 2009
vento
pintura de Vladimir Kush
Pergunto baixinho ao vento
Se tem asas de pensamento
Ou se voa só à toa
Se voa só por ser vento
Se por ser vento
Ele voa
E o vento nada me diz
Passa ao largo, vai feliz
Talvez por ser só vento
E não ser nada que quis
Sem desejos, ser feliz
À toa sem pensamento
E eu preso a este chão
Preso ao sonho à ilusão
Lamento de me pensar
Sem asas de tentação
Que me tomem a razão
E que me deixem voar…
Ó vento passa por mim
Mesmo que breve e assim
Ganhe eu asas de não ser
Por conciso que seja o fim
O voo de não saber…
jorge@ntunes
Pergunto baixinho ao vento
Se tem asas de pensamento
Ou se voa só à toa
Se voa só por ser vento
Se por ser vento
Ele voa
E o vento nada me diz
Passa ao largo, vai feliz
Talvez por ser só vento
E não ser nada que quis
Sem desejos, ser feliz
À toa sem pensamento
E eu preso a este chão
Preso ao sonho à ilusão
Lamento de me pensar
Sem asas de tentação
Que me tomem a razão
E que me deixem voar…
Ó vento passa por mim
Mesmo que breve e assim
Ganhe eu asas de não ser
Por conciso que seja o fim
O voo de não saber…
jorge@ntunes
sexta-feira, agosto 07, 2009
silêncio
Quando o silêncio é tudo
E tudo se silencia
Apenas fica a memória
E nada mais é vida
O tempo desgasta-se
E desgasta a voz que cala
E o que um dia foi tudo
Torna-se um imenso nada
Os ecos do passado
Das palavras mais sentidas
Tornam-se as lágrimas de um fado
Em vielas descabidas
E dos amantes sem história
Das palavras à deriva
Apenas ficam memórias
Memórias de outra vida…
jorge@ntunes
segunda-feira, agosto 03, 2009
tudo jaz
pintura de KLIMT
Jaz a hora inconcebível
O drama inacabado
Os sinos dobram o tempo
O sonho paira acordado
As sombras cobrem as ruas
Indiferentes a quem passa
E quem passa mal se sente
Não são sombras, não são nada
São apenas passageiros
Sem destino, ou ilusão
Rastejam apenas no mundo
Vermes sem condição
Temem apenas a deus
Por força da própria mortalidade
Na ironia de já mortos
Serem vida sem verdade
Tudo jaz
Incapaz
De ver
De sentir
Que a vida
É viver
Apenas a morte os desperta
Nessa hora sempre incerta
Em cada hora a morrer…
jorge@ntunes
Jaz a hora inconcebível
O drama inacabado
Os sinos dobram o tempo
O sonho paira acordado
As sombras cobrem as ruas
Indiferentes a quem passa
E quem passa mal se sente
Não são sombras, não são nada
São apenas passageiros
Sem destino, ou ilusão
Rastejam apenas no mundo
Vermes sem condição
Temem apenas a deus
Por força da própria mortalidade
Na ironia de já mortos
Serem vida sem verdade
Tudo jaz
Incapaz
De ver
De sentir
Que a vida
É viver
Apenas a morte os desperta
Nessa hora sempre incerta
Em cada hora a morrer…
jorge@ntunes
Subscrever:
Mensagens (Atom)