domingo, junho 04, 2006

libertação


Hoje apetece-me, não apetecer-me nada.
Vou abstrair-me de qualquer existência, seja ela temporal ou física.
Vou anestesiar-me num sono bem desperto e gozar esse vazio. Vou purgar-me da minha humanidade, e dispersar-me no vento. Vou imaginar-me coisa nenhuma, passar despercebido no mundo onde cada coisa tem obrigatoriamente um rótulo e uma razão de ser.
Hoje vou ser tudo o que me apetecer não ser.
Amanhã, serei novamente um recluso dentro do meu corpo, da minha casa, do meu país, do meu mundo... Mas isso será amanhã, hoje vou ser livre...
Por certo não me levarão a mal esta presunção, esta fugaz e patética mania de grandeza poética. Mas é aqui, no que escrevo, que por vezes sou livre. Enquanto esta loucura existir em mim e nas palavras em que amo ou cuspo de raiva a minha dor. Que sejam elas a sanidade que ainda me resta.
Por tudo isto, e por muito mais que ainda não ousei sonhar, hoje apetece-me não apetecer-me nada...


PS:
Hoje, não me batam à porta

jorge@ntunes

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do texto!Muito bem escrito.Sentimentos sinceros e verdadeiros.Querido,amo este teu jeito de ser...há dias que temos que nos libertar de tudo e de todos...quer um conselho?Ame oq vc faz e não dê ouvido as criticas...Avante!!!
O quadro está perfeito...Adorei!!!


Justo hoje apetecia-me bater na tua porta, rsrs,mas vou respeitar os teus sentimentos...

Um beijinho no teu coração:)

Maria Carvalho disse...

Fantástico! Gostei muito de ler. Beijos.

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