quinta-feira, setembro 20, 2007

tempo sem tempo


Quando o tempo não passa
Passo o tempo sem passar
Fico preso ao pensamento
Penso e penso, sem pensar

Cai a noite na janela
E com ela cai a lua
Os ventos varrem os céus
Espalhando estrelas pela rua

O silêncio na escuridão
Melódico e sazonal
Ecoa sombras, ecoa sensos
Num horizonte vertical

As ruas estreitas sem sentidos
Os becos largos de lugares
Abraçam a Mulher-Da-Vida
Que ao passar lhes vende olhares

Noutra esquina aquém plana
Um vagabundo deambula
Em uma mão traz a descrença
Na outra, o cigarro que o fuma

Mais à frente, já tão atrás...
Já sem alma em seu corpo
Um homem que já foi homem
Entorna-se de álcool vago e louco

E logo o vigia se esconde
Ser ausente do seu dever
Coberto apenas de uma farda
Pele cansada de o ser

Ao longe, que me chega perto
Uma criança, que ainda chora
Um grito que me desperta
De um sono que não tem hora

E quando a manhã acontece
Quando o dia transparece
Morre um mundo aos pés de outro

Estranho mundo este que não se reconhece
Cada um ao outro herege
Cada um eterno e louco

Quando o tempo já não passa
Passo o tempo sem passar
Fico preso ao pensamento
Penso e penso, sem pensar

jorge@ntunes

1 comentário:

Anónimo disse...

Belíssimo!!!Porém triste...é de admirar você ,ainda, ter tempo para pensar,pois, com certeza, estuda e ler muito.Obrigada por este lindo e emocinante presente.
Deixo-te muitos beijinhos e esta msg com carinho :)

Lágrimas do Tempo


Caem em meu rosto as lágrimas do tempo,
E o tempo... o tempo não passa.
Cada segundo é um interminável período de solidão.
Solidão doída, sofrida, sentida no mais profundo de meu peito.

Caem em meu rosto as lágrimas do tempo,
E o sentimento... o sentimento de dor não para.
Cada suspiro é um insustentável provimento de dor.
Dor malígna, pérfida, doída no mais interno de meu peito.

Caem em meu rosto as lágrimas do tempo,
E o vento... o vento que trás o amor não passa.
Cada brisa é uma esperança renovada.
Esperança querida, desejada, almejada no mais intimo de meu peito.

Caem em meu rosto as lágrimas do tempo,
E as minhas lágrimas... as minhas lágrimas não caem.
As lágrimas que eu queria chorar, já chorei.
E chorando descobri que vivo, que respiro, já que não tem outro jeito.

Caem em meu rosto as lágrimas do tempo,
E o tempo... é o grande curador que me faz sarar,
Sarar a dor da solidão, que vem em vão.
Já que tenho em meu peito um coração, que só faz te amar...

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