segunda-feira, junho 21, 2010

poema de nada...





Todos os dias me é tirado
O que um dia me foi dado
Todos os dias transpiro para me descobrir
E nunca chego a tempo de partir

Cria abandonada antes mesmo de nascer
O ninho caído, desfeito num anoitecer
Que a luz foi sempre miragem
Só a noite, toda a noite minha imagem

Reflectida numa qualquer ausência
Noite após noite, sem clemência
A apontar-me o dedo
A alimentar-me o medo

E eu que chorei para não ser eu
Vi as minhas lágrimas tão perto do céu
Cai junto com a chuva, encoberto
De mim, nunca estive tão longe… nunca estive tão perto

Todos os dias me é dado algo
Que um dia me foi tirado
Todos os dias respiro a minha alma
E nunca chego a tempo de nada…

jorge@ntunes

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