segunda-feira, janeiro 02, 2006

AMOdioR


Odeio-te...
Nos contornos que traças
Nas mágoas que não amparas
Ampliando a sequela
Da quebra dos teus laços

Amo-te...
Porque me abraças
Muitas noites caladas
Onde por eu estar aqui
Te esqueces de ti

Odeio-te...
Quando me feres a dor
A dor que é tua e a sinto
Em mim dói o teu suplício
E a ti eu já não mais minto

Amo-te...
Quando as lágrimas que choras
Das mais tristes das minhas horas
Transformas num sorriso
O destino que preciso

Odeio-te...
Quando descoras os passos
Em espinhos que por ti dou
Quando me banho em lágrimas
Pelo que de ti restou

Amo-te....
Por esse olhar que me tocou
Esse olhar de quem sonhou
Que há momentos apenas
Que de tão belos são poemas

Odeio-te...
Pela clandestinidade
Do quotidiano em que vives
Pelo supremo traidor de sonhos
Em que te insistes

Amo-te...
Por te sentir diferente
Com alma de gente
Que não sabe perder
Que não pode esquecer

Odeio-te...
Por não saíres do coração
Por não possuir abandono
Por amar um ser anónimo
Que odeia a minha mão

Amo-te...
Por não sentires todas as palavras
Mas sim outras que calas
Outras que em pensamento
Abraças num lamento

Odeio-te...
Por não tocares os cristais
Que descobri em ti
Por não bordares o ouro
Do dourado que te cobri

Amo-te...
Porque sabes quem sou
Alguém que vive porque amou
Porque entre o ódio e o amor
Há um vazio de dor
Há a vida que em nós ficou...

Gnose & jorge@ntunes

4 comentários:

Maria Carvalho disse...

Uma dupla poética perfeita...sem mais palavras. Beijos a ambas.

Maria Carvalho disse...

Não é a ambas...é a ambos. Ao Jorge e à Gnose. Mas com as lágrimas nem vi a tecla...

Anónimo disse...

Mesmo nos espaços entre o amor e o ódio é sempre um privilégio cruzar as minhas mãos com as tuas... bj de um" tamanhido assim"

Que Bem Cheira A Maresia disse...

Vocês têm a a sensibilidade nas pontas dos dedos e depois presenteiam-nos com obras de arte destas.

Um beijo a ambos da Lina

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