sátira de vida&morte

Dizem que morri
Dizem que foi um ar que me deu
Eu, digo apenas para comigo
Certo. Morri então
Mas encontro apenas uma razão
Que estava vivo

Logo o que me deu foi isso
Uma mudança de estado
Estado, actual, esse, a parecer-me
Um pouco critico

É que até ver
Chegar de vivo a morto
Faça-se muito ou pouco
Chega-se lá

O inverso
Parece-me mais complexo
Ou até impossível
Quiçá

Mas antes de pensar
Se posso ou quero voltar

Alguém que estando
Num estado em que já não estou

Se lembrou de tapar
No caso, encaixotar

Este, neste estado que me sobrou

E a ver, seja em que estado me encontre
Vai haver sempre quem me aponte
Um caminho que não me agrada

E vivo ou morto, já me parece
Que num ou noutro acontece
Que eu, nunca mando nada

Eu! Que até desejava ser cremado
Pois não me vejo enterrado
Que sepultado fui muitas vezes em vivo

E cremado, que não neste estado
Também não me parecia aceitável
Neste, nem isso consigo

Mas pensando bem
A lógica deste alguém
Que me quer enterradamente inteiro
Tem alguma razão de ser

Porque se for possível
Mudar este estado aparentemente
Irreversível
Feito em pó
Não teria forma de o reverter

É certo que se demorar a decidir
Pelo estado em que afinal me quero
Futuramente
A casca dará de si
Putrefacta mente

Mas voltando ao que importa
Sempre quero ir pela porta
Antes o forno que a cova!!!

É que estar vivo foi engraçado
De morto, só passou um bocado
E quero ver como é

E se a coisa correr mal
Ou se nem sequer correr
Ele há estados que nem estando

E talvez até descubra
Um interessante. Entre o viver e morrer...

jorge@ntunes