Quase escrevi o destino
Na pele, no caminho
Na ausência de mim
Cheguei tarde, fiquei sozinho
Nunca mais fui menino
Nem homem, eu fui no fim
Abri as janelas ao vento
Deitei-me no tempo
Deixei-me ficar
Parti rumo ao deserto
E só estive perto
De sentir o mar
Agora é tarde e não tarda
Que a hora madrasta
Me cobre no fim
Agora é tarde e não tarda
Que esta vida farta
Se farte de mim
O que chorei
Entreguei
Numa bandeja de lata
Onde pequei
Eu deixei
Aos poucos, a alma
Agora é tarde e não tarda
Que à porta fechada
O meu mundo padeça
Agora é tarde e não tarda
O fim da estrada
Que me aconteça
Quase escrevi o destino
No meu desatino
No sonho de outro
Parti rumo ao deserto
E nas areias do incerto
O que fui soube-me a pouco
Fechei as portas do tempo
Deitei-me no vento
Deixei-me ficar
Rumei ao deserto
Mas não cheguei perto
De lá me encontrar
Por agora dormito
Entre a lenda e o mito
Entre o sonho e a vida
Depois, quem sabe acorde
E já não viva, nem chore
…ou talvez consiga…
POETIK
Sem comentários:
Enviar um comentário