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Cálida a morte que nos separa
A mescla de abandonos que nos cobre
Serena a vida que nos trava
O sonho que ninguém pode
Ressuscita e vagueia somente
Sobre as cinzas das sombras revoltas
Sente o quanto a alma mente
Nesse corpo que devoras
Tudo indicia o mesmo abstracto
O mesmo abismo ao tacto
O mesmo sentido do nada
No vento vem já consumado
O destino sempre arbitrário
Morre! É já madrugada….
POETIK
2 comentários:
Uauuuu!!!! Demais mesmo!
Fico curiosa para saber uma coisa: você carrega mesmo esse peso doloroso na alma ou é apenas uma 'licença poética'?
Tenha um lindo fim de semana!!!
Beijão!!!
Então pra você o poeta nunca é um fingidor?
Autopsicografia
Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Boa noite, meu poeta que não finge dor...
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