(…)Não tenho ilusões
Nem sensações nítidas
Do sonho…
Toda a matéria desgasta e desgasta-se
Em dolo…
Rabisco ao acaso se acaso rebusco…
Chego a traçar palavras onde arrisco
Ilusões que não tenho, apenas
Por ser da hora a poesia da ilusão de onde
Venho…
………………………
(…) Troco de roupa
Sem trocar de corpo…
A roupa cheirosa, engomada assenta casta
No rugoso cadáver
Que tresanda a mofo…
(…)
Tomo o café da manhã, o mesmo de todas as manhãs…
Saio, mundo fora…
(…)
Volto tarde. À porta de sempre…
Sento-me e escrevo lágrimas que preciso…
(…)
Troco de roupa, mas não de corpo…
Amanhã será pior…
Deito-me apenas… sonho…
Amanhã, acordarei (?) fatigado
Dos sentidos…
…………………
(…) Sabes, nasci exausto até à perdição
E o que ainda está por nascer em mim
É mais depauperante
Ainda que tudo seja paixão…
Desiludam-se o sonho ou a razão!
Deturpados que vivem em mim…
Sabes, nasci exausto até à perdição
Sereno, só o fim…
………………
Permite-me acordar-te
Sei que sonhas…
Que sonhas horas felizes de outras vidas…
Que aí, serás sempre a criança da tua memória.
Mas quero ser a tua estória
Permite-me acordar-te
Sei que sonhas…
Mas neste instante, quero amar-te…
POETIK